Tudo começou com a escova japonesa há 10 anos atrás. A febre dos alisamentos e relaxamentos contagiou milhares de mulheres pelo Brasil afora e, o que antes parecia uma nova moda, virou hábito. Com o passar do tempo, as escovas evoluíram, alisadores foram desenvolvidos, novas matérias-primas surgiram. Se você é uma das que aderiu às madeixas lisas - e nem pensa em abrir mão deste look - atenção: é preciso cuidado redobrado para evitar a queda, o ressecamento e a quebra dos fios, consequências típicas dos alisamentos.
Os especialistas são unânimes: para quem alisa com frequência, o ideal é fazer hidratações periódicas. Reconstruções constantes, além da reposição de queratina e aminoácidos, também são necessárias. O dermatologista Marcelo Bellini, de São Paulo, alerta: os alisantes são capazes de mudar a estrutura da queratina nos fios. Substâncias muito adstringentes ou cáusticas, como as usadas nos alisamentos, provocam a abertura das cutículas.
Nem é preciso dizer o que isso significa, não é? Os cabelos ficam mais frágeis, podendo apresentar, além dos problemas citados acima, pontas duplas e perda de brilho. De acordo com Toninho Cabeleireiro, do salão paulistano Planet Hair, os tipos mais comuns de alisamento atualmente disponíveis no mercado são o tradicional, a escova definitiva, o relaxamento e as progressivas à base de formol, sem formol ou com guanidina.
Alisamento, relaxamento ou progressiva?
Pode até parecer, mas os procedimentos não são a mesma coisa. Embora a intenção dos três seja deixar os cabelos mais maleáveis, existem pequenas diferenças. Toninho explica que o alisamento geralmente lança mão do hidróxido de sódio, substância que altera a estrutura original dos fios. "Pode ser feito em cabelos virgens e tintos. Deve ser evitado nos que têm mechas, excesso de tintura e em fios muito danificados ou porosos. Caso contrário, pode haver queda acentuada", alerta o especialista, acrescentando que quem tem mechas deve fazer um relaxamento à base de amônia ou optar pela escova progressiva.
Já o relaxamento tem como intenção desmanchar os cachos, deixando-os com um aspecto mais natural. Utilizam-se produtos à base de amônia, mais fracos que os do alisamento, ou, dependendo do tipo de cabelo, o próprio hidróxido de sódio.
A progressiva, por sua vez, não é considerada alisamento. Toninho diz por quê: "O procedimento não muda a estrutura do cabelo, apenas 'plastifica' os fios danificados, armados, volumosos e porosos. O resultado é um cabelo liso, mas natural, hidratado, com movimento e brilho". O nome da técnica tem razão de ser: a química alisa de forma natural, com efeito progressivo. "É indicado para todos os tipos de fios, incluindo os danificados, secos e porosos. Dura de um a quatro meses, dependendo do tipo de cabelo e da quantidade de lavagens", conclui o cabeleireiro do Planet Hair.
Você provavelmente já se submeteu a escovas progressivas, mas não deve ter prestado atenção. Elas se materializam com outros nomes, entre eles escovas inteligentes, marroquina (chocolate), de morango, vinho, leite, açúcar etc. Algumas delas utilizam formol (dentro das especificações da Anvisa), outras não. Existem ainda as que contêm methylparaben e propylparaben.
A hairstylist Letícia Santana, do salão Éclat, no Rio, lembra de outra substância muito usada atualmente nos alisamentos: o tioglicolato de amônia. Uma coisa é certa: seja qual for a matéria-prima escolhida, o intervalo entre um alisamento e outro deve ser de pelo menos três meses. Quem opta pela descoloração precisa de atenção redobrada antes de usar os alisantes - os fios ficam mais sensíveis, com pouca força, porque o procedimento retira boa parte da queratina, fundamental para a resistência capilar.