Economista aconselha casal que tem 26 cartões de crédito: ‘rasgue’
A primeira lição é avaliar a necessidade da compra, os prazos e juros cobrados. A segunda: as prestações cabem no orçamento da família?
As famílias do engenheiro civil César Hage e da comerciante Elcilene Larangeira são muito unidas e também muito ousadas. Apostam tudo em um jogo arriscado. Criam projetos de vida movidos a cartões de crédito.
Em Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio de Janeiro, mora a família de Elcilene, cozinheira de forno e fogão.
“Eu gosto de estar na cozinha fazendo o arroz e o feijão. As saladas, a carne, isso aí é muito bom”, diz Elcilene.
Carne assada, panquecas, batatas fritas, saladas e muito mais. A comida gostosa e variada é sinônimo de casa cheia.
Elcilene, claro, tem um freezer novo. O pagamento foi dividido em 12 prestações de R$ 163. Onde a comida é preparada, mais produtos foram comprados com os cartões de crédito. Quatro vezes R$ 87 é o custo da fritadeira. O fogão industrial está sendo pago em 12 parcelas de R$ 77. As panelas novas em 12 parcelas também de R$ 45. São dívidas que vão aparecer nas faturas dos cartões de crédito até março de 2012.
“Do jeito que eu trabalho, não me assusta. Se eu não trabalhasse, me assustava”, revela Elcilene.
As prestações somam R$ 1,4 mil, divididos nas faturas de três cartões, além das despesas com gás, luz e salários dos empregados - apenas dois, o mínimo possível. Para sobrar algum lucro no fim do mês, além do apetite dos clientes, é preciso ter muito gás.
“Tem dias que vamos deitar à 0h30, preparando as coisas já para o dia seguinte”, diz o comerciante Isaac da Conceição Jr.
De Nova Iguaçu para a Zona Norte do Rio: Grajaú, bairro de classe média, no apartamento do engenheiro civil César Hage e da fisioterapeuta Ana Lúcia Hage, que vivem com os três filhos e Dona Geni, mãe de César.
A família gosta de jogos, de todos os tipos. Tem um estilo audacioso, que envolve manobras arriscadas e um buraco com cartas marcadas por juros altos. Na competição de cartões de crédito, César e Ana Lúcia são adversários imbatíveis. Ele tem 15 e ela 11 cartões, todos ativados.
“Vão terminando os limites e a gente vai usando os outros que ainda têm limite disponível para compras de mês”, conta Ana Lúcia.
Como engenheiro, ele está acostumado a cálculos. Mas na hora de somar as próprias despesas e dividir os pagamentos, precisa de ajuda. “Eu utilizo um gerenciador financeiro e diariamente eu tomo esse tipo de cuidado”, revela.
Os cuidados não evitaram que as dívidas do casal explodissem. O engenheiro precisou negociar. “Nós conseguimos refinanciar uma dívida que hoje chega na ordem de R$ 100 mil nos próximos quatro anos”, conta. “A gente tem completa consciência de que não é a situação ideal. Eu fui buscar ajuda fazendo o curso da escola de educação financeira.”
A primeira escola de educação financeira aberta ao público de graça no Rio de Janeiro começou a funcionar neste ano e é um sucesso: 700 alunos já participaram de 40 cursos que ensinam, por exemplo, como planejar o orçamento, comparar taxas de juros, evitar e acabar com as dívidas. Todos os cursos partem de um princípio. A primeira lição é sempre a mesma: consumidor informado é consumidor consciente.
“Quando ele tem conhecimento do que é dinheiro, o que é juro, quais os tipos de crédito que existem no mercado, isso possibilita que ele tome melhores decisões, faça melhores escolhas e, dessa forma, consiga otimizar a renda que ele possui”, explica o economista Antonio Paulo Vogel.
A primeira lição é avaliar a necessidade da compra, os prazos e juros cobrados. A segunda: as prestações cabem no orçamento da família? E não se esqueça: uma dívida só é boa se contribuir para a sua qualidade de vida.
Com tempero caseiro, Elcilene alimenta sonhos. “Uma das minhas metas é comprar a casa. Outra coisa é fazer uma faculdade”, sonha Elcilene.
Ela sabe como realizar seus desejos. Desafiando todas as regras, ela conseguiu abrir um negócio sem qualquer capital, e está dando certo.
“Nós estamos investindo mesmo para poder ver primeiro, passo a passo, o crescimento para quando chegar lá na frente depois de 12 meses eu começar a desfrutar e não ter mais parcelas”, planeja.
E quanto às mãos cheias de cartões de crédito do casal do Grajaú? “É bom pagar todos esses cartões, rasgar, quebrar, jogar fora e ficar só com um ou dois cartões. Acho que é o suficiente”, sugere Antonio Paulo Vogel.
O risco é de se machucar no golpe dos juros sobre juros. No cartão, a dívida adiada retorna com mais força no mês seguinte.
“Você se endivida, paga o mínimo do cartão, usa o limite do cheque especial e em uma fase seguinte nós fomos praticamente obrigados a recorrer a empréstimos”, diz César,
“É trabalhar duro para tentar reverter esse quadro”, completa Ana Lúcia.
Para os brasileiros que ainda estão nesta corda bamba, o engenheiro que acreditou em promessas tem um conselho:
“Muitas armadilhas são lançadas. Você abre a sua tela na internet para ver a sua conta e ali já te colocam que você tem um saldo disponível, quando na verdade você não tem saldo disponível nenhum. Não caiam nessas armadilhas, não entrem nessa ciranda financeira, porque pode ser um túnel sem saída”, ensina César.
Em Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio de Janeiro, mora a família de Elcilene, cozinheira de forno e fogão.
“Eu gosto de estar na cozinha fazendo o arroz e o feijão. As saladas, a carne, isso aí é muito bom”, diz Elcilene.
Carne assada, panquecas, batatas fritas, saladas e muito mais. A comida gostosa e variada é sinônimo de casa cheia.
Elcilene, claro, tem um freezer novo. O pagamento foi dividido em 12 prestações de R$ 163. Onde a comida é preparada, mais produtos foram comprados com os cartões de crédito. Quatro vezes R$ 87 é o custo da fritadeira. O fogão industrial está sendo pago em 12 parcelas de R$ 77. As panelas novas em 12 parcelas também de R$ 45. São dívidas que vão aparecer nas faturas dos cartões de crédito até março de 2012.
“Do jeito que eu trabalho, não me assusta. Se eu não trabalhasse, me assustava”, revela Elcilene.
As prestações somam R$ 1,4 mil, divididos nas faturas de três cartões, além das despesas com gás, luz e salários dos empregados - apenas dois, o mínimo possível. Para sobrar algum lucro no fim do mês, além do apetite dos clientes, é preciso ter muito gás.
“Tem dias que vamos deitar à 0h30, preparando as coisas já para o dia seguinte”, diz o comerciante Isaac da Conceição Jr.
De Nova Iguaçu para a Zona Norte do Rio: Grajaú, bairro de classe média, no apartamento do engenheiro civil César Hage e da fisioterapeuta Ana Lúcia Hage, que vivem com os três filhos e Dona Geni, mãe de César.
A família gosta de jogos, de todos os tipos. Tem um estilo audacioso, que envolve manobras arriscadas e um buraco com cartas marcadas por juros altos. Na competição de cartões de crédito, César e Ana Lúcia são adversários imbatíveis. Ele tem 15 e ela 11 cartões, todos ativados.
“Vão terminando os limites e a gente vai usando os outros que ainda têm limite disponível para compras de mês”, conta Ana Lúcia.
Como engenheiro, ele está acostumado a cálculos. Mas na hora de somar as próprias despesas e dividir os pagamentos, precisa de ajuda. “Eu utilizo um gerenciador financeiro e diariamente eu tomo esse tipo de cuidado”, revela.
Os cuidados não evitaram que as dívidas do casal explodissem. O engenheiro precisou negociar. “Nós conseguimos refinanciar uma dívida que hoje chega na ordem de R$ 100 mil nos próximos quatro anos”, conta. “A gente tem completa consciência de que não é a situação ideal. Eu fui buscar ajuda fazendo o curso da escola de educação financeira.”
A primeira escola de educação financeira aberta ao público de graça no Rio de Janeiro começou a funcionar neste ano e é um sucesso: 700 alunos já participaram de 40 cursos que ensinam, por exemplo, como planejar o orçamento, comparar taxas de juros, evitar e acabar com as dívidas. Todos os cursos partem de um princípio. A primeira lição é sempre a mesma: consumidor informado é consumidor consciente.
“Quando ele tem conhecimento do que é dinheiro, o que é juro, quais os tipos de crédito que existem no mercado, isso possibilita que ele tome melhores decisões, faça melhores escolhas e, dessa forma, consiga otimizar a renda que ele possui”, explica o economista Antonio Paulo Vogel.
A primeira lição é avaliar a necessidade da compra, os prazos e juros cobrados. A segunda: as prestações cabem no orçamento da família? E não se esqueça: uma dívida só é boa se contribuir para a sua qualidade de vida.
Com tempero caseiro, Elcilene alimenta sonhos. “Uma das minhas metas é comprar a casa. Outra coisa é fazer uma faculdade”, sonha Elcilene.
Ela sabe como realizar seus desejos. Desafiando todas as regras, ela conseguiu abrir um negócio sem qualquer capital, e está dando certo.
“Nós estamos investindo mesmo para poder ver primeiro, passo a passo, o crescimento para quando chegar lá na frente depois de 12 meses eu começar a desfrutar e não ter mais parcelas”, planeja.
E quanto às mãos cheias de cartões de crédito do casal do Grajaú? “É bom pagar todos esses cartões, rasgar, quebrar, jogar fora e ficar só com um ou dois cartões. Acho que é o suficiente”, sugere Antonio Paulo Vogel.
O risco é de se machucar no golpe dos juros sobre juros. No cartão, a dívida adiada retorna com mais força no mês seguinte.
“Você se endivida, paga o mínimo do cartão, usa o limite do cheque especial e em uma fase seguinte nós fomos praticamente obrigados a recorrer a empréstimos”, diz César,
“É trabalhar duro para tentar reverter esse quadro”, completa Ana Lúcia.
Para os brasileiros que ainda estão nesta corda bamba, o engenheiro que acreditou em promessas tem um conselho:
“Muitas armadilhas são lançadas. Você abre a sua tela na internet para ver a sua conta e ali já te colocam que você tem um saldo disponível, quando na verdade você não tem saldo disponível nenhum. Não caiam nessas armadilhas, não entrem nessa ciranda financeira, porque pode ser um túnel sem saída”, ensina César.